8 de mai. de 2012

Realidade em rima: Criolo e sua volta ao Recife

Por: Raíza Hanna
Fotografias: Divulgação




Esse será com certeza um post cheio de admiração e brilho nos olhos.

Se me perguntassem qual o meu artista do momento, o que eu indicaria a todos pra escutar, a resposta sairia na lata: Criolo. E aposto que muitos jovens igual a mim responderia o mesmo.

Criolo está inspirando nossa geração. Suas letras certeiras e seu discurso político e social anda movimentando nossos facebooks, twitters, cadernos, paredes de ruas, protestos, nossa mente.

Num momento em que os jovens do Mundo inteiro retomam a ideologia de um mundo melhor e voltam a sair às ruas pedindo por uma sociedade mais humana, mais digna, com mais amor, surge um MC vindo do bairro de Grajaú em São Paulo com um discurso meio poético, meio realista, meio moralista, mas cheio de humildade.

 Primeiro um vídeo seu bomba nas redes sociais: Cálice de Chico Buarque numa nova versão criada pelo MC. Digna de compartilhamentos no facebook e queixos caídos, inclusive do próprio Chico Buarque, que logo se apressou em conhecer aquele cara com gírias de hip hop e passou a executar a versão de Criolo em seus shows, agradecendo ao rapper pela nova versão da música que fala do Brasil atual e seus problemas sociais, que mesmo sem ditadura militar, ainda continua ditando regras e tolhendo a liberdade, a liberdade de pensar.

Logo depois, Criolo surge com um CD de dá Nó na Orelha (2011), seu segundo disco, sendo o primeiro intitulado “Ainda há tempo” de 2006. Nó na Orelha traz músicas de diversos estilos, mistura mpb, samba, rap, reggae, brega e até um toque de bolero (presente na música Freguês da meia noite), um disco rico em cultura brasileira, e músicas politizadas como o rap deve ser. 

Diria até que Nó na Orelha retrata o Brasil de fato, uma mistura de raças, sons, cores, problemas sociais, e alegria de viver. A primeira vez que escutei Nó na orelha, foi como despertar e olhar pro nosso país com o olhar de uma brasileira que ama o país mas que reconhece no que erramos e tudo o que queremos consertar nele.

No começo de 2011, o produtor do disco Daniel Ganjaman postou no youtube a música “Não existe amor em SP”, terceira faixa de Nó na Orelha, acompanhada de fotografias de diversos grafites espalhados por São Paulo que pedem mais amor, como as frases “Mais amor por favor” e “O amor é importante porra”. O vídeo fez extremo sucesso, fazendo com que muitas pessoas procurassem saber quem era Criolo e o que ele tinha pra dizer.

   
Com 37 anos, Criolo tem muito a dizer. Nascido Kleber Cavalcante Gomes, filho de Nordestinos, e original de Santo Amaro, bairro da zona sul de São Paulo, mas criado no Grajaú, Criolo canta rap e atua na área de arte-educador desde 1989.

 Ele é o fundador da Rinha dos Mc’s, que abriga batalhas freestyle, exposição de grafittis e fotografias. E em 2011, decidiu gravar um disco em estúdio com várias canções que tinha escrito durante anos. Reuniu todas as suas composições, gravou, e lançou o Nó na Orelha, sem imaginar que faria um enorme sucesso e receberia críticas positivas, sendo inclusive considerado o melhor álbum nacional de 2011 pela Rolling Stone, e ganhou o prêmio de melhor álbum no VMB 2011.

A partir de então Criolo participou de várias entrevistas, e fez mais de 60 shows pelo Brasil e fora dele, com tendência a crescer mais ainda.

Criolo além de ser um ótimo cantor, com voz macia e grave, ainda é um compositor rico em referências culturais e letras habilidosas. Tem um discurso político e social questionador, uma linguagem reta, sincera, costuma levantar bandeiras contra o preconceito, as injustiças, e tem um jeitinho humilde bonito por demais de se ver.


Talvez o que traga Criolo à frente de nossa geração e nos dê a vontade de colocar um microfone em sua mão pra que ele fale por a gente, é exatamente essa falta que nós sentimos atualmente de mais humanismo, de mais respeito, de alguém que diga o que tá rolando no país, com realismo e esperança. 

Vendo a Mtv por vinte minutinhos a gente percebe o quanto o rap tá voltando à cena nacional, com uma intensidade boa, como que dizendo: chega de escantear sentimentos, de músicas eletrônicas que não tem o que dizer, de ficar parados de frente pro computador, como nossa geração está sendo, afinal a gente pode também repartir amor e realidade e buscar por um Brasil melhor, mesmo conectados.

Criolo se apresentou em Recife pela primeira vez no palco do Rec Beat no Carnaval desse ano, onde atraiu um público enorme e cheio de emoção, falou com o público de igual pra igual, criticou as músicas que não tem nada a dizer, usou pinheiros de papel no braço e vestiu o microfone com outro em referência a Pinheirinho e vestiu camisas da banda Devotos e da bandeira de Pernambuco.

E amanhã ele está de volta a Recife pra uma mesa de debates do Expoidea 2012, que acontecerá das 20 às 21:30, no Passo Alfândega, que fica no Recife Antigo. A mesa de debates conta também com a participação de Cannibal, vocalista da banda Devotos, e o tema da mesa será “Transformações possíveis: aqui, ali e para mais além”.

Depois do debate, Criolo fará show às 22hrs na área externa ao Paço Alfândega. Que com certeza levará muitos fãs as ruas do Recife Antigo em plena quarta-feira.

Já estou ansiosa pra ver!




Vídeos Interessantes sobre Criolo:

A versão Cálice de Criolo



Não existe amor em SP - Música que rendeu prêmios a Criolo


Criolo no Showlivre dá uma aula contra o preconceito (esse vídeo é com certeza um dos mais bonitos dele pra mim)


E aqui tem o link pro De Frente com Gabi com Criolo - Completo no youtube, vale muito a pena ver inteiro!

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