30 de abr. de 2012

Sexo, drogas e música eletrônica: Paraísos Artificiais

Por: Raíza Hanna
Fotografias: Divulgação






Escuto falar de Paraísos Artificiais desde que muitos conhecidos foram gravar algumas cenas na Praia do Paiva como figurantes, de lá pra cá o filme estava sendo finalizado e estreou no Cine PE nessa última noite de quinta-feira (26/03) com teatro completamente lotado.

Subindo ao palco, o diretor do longa que concorre na Mostra Competitiva de Longa Metragem do Cine PE, Marcos Prado (produtor de Tropa de Elite 1 e 2 e diretor do premiado Estamira, de 2004), perguntou logo ao público presente quem dali foram um dos 1.500 figurantes das cenas da rave gravado na Praia do Paiva, e quase metade de toda a plateia levanta a mão, a maioria jovens. A maioria louca pra tentar se achar na telona do Teatro Guararapes.

Enquanto a outra maioria do público estava querendo saber o que aquele filme ia trazer de bom, já que como protagonista trazia a excelente atriz Nathalia Dill e como produtor o peso do nome de Zé Padilha, premiado por assinar a direção de Tropa de Elite 1 e 2.

O filme começa ambientado na frente de uma prisão, de onde sai Nando (Luca Bianchi) depois de alguns anos na prisão por tráfico de drogas. Chegando em casa, Nando vê em sua câmera digital algumas fotos de Erika (Nathalia Dill), e o filme passa a mostrar anos antes para tentar explicar a história da relação dos dois e o porquê da prisão de Nando.

Nesse passado contextualizado, o filme é dividido em duas partes que são entrecortadas uma sobre a outra, fazendo com que o expectador entenda aos poucos todos os fatos da história, que começa numa rave em uma praia do Nordeste Brasileiro (ambientado na Praia do Paiva), onde Erika vai tocar como DJ. Sua namorada Lara (Lívia de Bueno) vai fazer companhia a ela, e entre músicas eletrônicas, sexo e drogas sintéticas, as duas conhecem Nando, que por sua vez também está acompanhado de um amigo. Nando, Lara e Erika se relacionam nessa festa.

No segundo momento do filme, é temporalizado em 2 anos após a rave , e acontece em Amsterdã, onde Nando e Erika se reencontram, mas só Erika lembra quem Nando é e o que aconteceu anos antes. Eles se apaixonam, e vivem dias de amor no frio europeu, porém Nando voltará ao Brasil trazendo drogas ilegais em sua mochila. O que os faz se afastarem de novo.
Ao desenrolar do filme, os fatos vão se encaixando até chegar ao clímax do filme, que pra muitos que eu conversei só se deu mesmo nos últimos quinze minutos de filme.

O longa, em minha opinião, foi muito bem dirigido e é forte, trazendo muitas cenas de sexo e uso abusivo de drogas. Nada que fuja da realidade: raves e jovens que buscam experiências únicas e novas, ao som da batida eletrônica.

Muitas pessoas deixaram a sala do Teatro Guararapes nas primeiras cenas de sexo, a maioria casais mais idosos. Mas a verdade é que Paraísos Artificiais traz pra tela uma realidade crua, sem ser exagerada ou pornográfica, e já que estamos tratando de cinema, isso é de muito bom gosto, pois é no Cinema onde podemos criar e mostrar em cena sem presença de grande censura, mas com a abertura de receber críticas: elogiosas ou não.


O longa-metragem traz uma fotografia espetacular (Marcos Prado é fotografo e já ganhou muitos prêmios como tal), os ambientes também não deixam a desejar e melhoram ainda mais a qualidade do filme, a bela Praia do Paiva cheia de coqueiral e o mar azulzinho, e Amsterdã, com suas pontes lindas e frias.

Nathalia Dill faz um trabalho impecável, mostrando que é um nome atual de grande peso entre as atrizes brasileiras. E a direção de Marcos Prado é como de se esperar: talentosa.

Muitos acharam Paraísos Artificiais um pouco monótono, por suas longas cenas sem falas, acompanhadas apenas de músicas e fotografia belíssima, cenas que acontecem principalmente quando são demonstrados os momentos da rave e as viagens psicodélicas produzidas pelas drogas nos personagens. Eu discordo, acho que essas cenas deram o tom paradisíaco que o filme propõe em seu título, e nos leva por uma viagem parecida com a de alguém que está em pleno pico de viagens alucinógenas.

O filme não é moralista. Nem fica contra o consumo de drogas e nem é a favor dela, apenas apresenta os fatos, um pouco de cada lado. É equilibrado. Mostra a felicidade instantânea do uso de drogas, como também os maus que ela pode trazer. Meio como um “a opinião é sua, a consciência também”.


Paraísos Artificiais estreia nos cinemas de todo Brasil no dia 04 de Maio.



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