Por: Raíza Hanna
Imagens: Divulgação
Tem muito neguinho daqui de Recife e região metropolitana
roendo as unhas de ansiedade pelo retorno “provisório” de Medina, Barba,
Amarante e Camelo, os barbudos que formam o grupo, acabado, Los Hermanos.
Toda essa ansiedade é para o show que acontecerá no Chevrolet Hall, em única apresentação, na sexta agora, 20, no reconhecido festival pernambucano Abril Pro Rock.
Toda essa ansiedade é para o show que acontecerá no Chevrolet Hall, em única apresentação, na sexta agora, 20, no reconhecido festival pernambucano Abril Pro Rock.
Os Hermanos anunciaram no final do ano de
2011 que entrariam em turnê entre os meses de Abril a Junho de 2012, fazendo 24
shows pelo Brasil, e passando por 12 cidades diferentes, entre elas Recife,
Salvador, Manaus, Belém, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, São
Paulo (que terá 4 shows dos caras) e Rio de Janeiro ( com 6 shows marcados).
Para saber datas e locais, visitam o site da banda.
No Recife, os caras fazem o primeiro show de
abertura dessa turnê, que não indica uma volta do grupo, e sim, apenas uma
forma de comemorar os 15 anos da banda, completados nesse ano de 2012.
Os Hermanos contam que a escolha do Festival
Abril pro Rock pra iniciar a turnê não foi mera coincidência, foi no APR que os
caras estouraram de vez pelo Brasil, quando em 1999, fizeram uma apresentação
ainda como banda underground e tiveram uma ótima recepção pelo público do APR,
que é o tido como o principal festival de bandas undergrounds do Brasil. Por
isso, escolheram começar pelo Recife, que além de ter sido um marco na carreira
dos barbudos, ainda tem um dos públicos mais fiéis da banda.
História da banda
O Los Hermanos começou quando, em 1997, os
então estudantes, Marcelo Camelo e Rodrigo Barba da PUC-RJ se juntaram pra
formar uma banda que tinha a proposta de falar de amor dentro de um som mais
pesado, o hardcore. Com o tempo, e algumas saídas e trocas de integrantes, à
banda se juntaram Rodrigo Amarante e Bruno Medina, fixando a formação atual da
banda: Camelo como vocalista e guitarrista; Amarante como guitarrista, às vezes
baixista e também vocalista; Medina como tecladista e Barba como baterista.
Ao longo de sua trajetória a banda gravou
quatro discos e uma, primeira, demo e 2 DVD’S com registros de shows.
O
primeiro disco se chamou Los Hermanos de 1999, e teve como hit a música Ana
Júlia, que explodiu no Brasil inteiro, fazendo grande sucesso inclusive fora do
país, sendo regravada em várias línguas, inclusive pelo ex-beatle George
Harrison (essa versão é incrivelmente bonita!)
O segundo álbum, intitulado Bloco do Eu
Sozinho de 2001, trouxe um som mais misturando, agregando ritmos como Bossa
Nova e Samba às músicas, deixando-o mais brasileiro, músicas como ‘Todo
carnaval tem seu fim’ e ‘A flor’ viraram hits na boca dos seu fãs.
No terceiro álbum, os Hermanos fizeram um
disco multi-facetado, com músicas de puro samba a música de pop rock. O disco
chamou-se Ventura, e foi lançado em 2003. Nesse álbum, Rodrigo Amarante
conquistou ainda mais espaço na banda, sendo o compositor de 5 músicas do
disco.
O quarto e último álbum da banda foi lançado
em 2005, se chamou 4, e veio com uma pegada muito mais leve, e sentimental. As
músicas de Marcelo Camelo já se mostravam mais intensas, complexas e com uma pegada
mais MPB.
Depois do quarto álbum, em Abril de 2007, os
integrantes do Los Hermanos anunciaram que estariam dando um tempo em suas
atividades, com a frase inesquecível “estamos em recesso por tempo
indeterminado”.
Apesar do recesso, os Hermanos voltaram a
fazer show em 2009, abrindo o show internacional do Radiohead em São Paulo e no
Rio. E em 2010 fizeram shows em Recife, , Salvador e Fortaleza, e ainda no
Festival que aconteceu em Itú em Outubro de 2010, o SWU.
Relação dos fãs recifenses com o LH
Em Recife, o Los Hermanos é muito querido.
Eu, pessoalmente, acredito que a boa recepção desde o começo da banda, e no
festival Abril Pro Rock, deu-se por conta de nossa veia carregada de cultura
popular, que formou uma empatia logo de cara com o conceito da banda: o de
mostrar a cara do Brasil, usando elementos de Samba, Bossa Nova, MPB, e até
marchinhas carnavalescas com estilos mais jovens e roqueiros.
Quer maior exemplo do que a música Pierrot,
que tem aquela cara de carnaval, que remonta um conto antigo e ainda tem uma
pisada acelerada na música? Parece ser uma mistura perfeita e uma ótima
adequação para os jovens recifenses ligados em intelectualismo e cultura
popular.
Chega até a combinar com o estilo manguebeat,
iniciado pelo Chico Science e Nação Zumbi: “pé no mangue, cabeça antenada”, o
caranguejo com cérebro. Acho que por
isso, entendemos o LH e nos sentimos nos singles da banda, num tom mais
romântico claro.
Música intelectual?
O LH é muitas vezes referenciado como banda
cult, muitos afirmam que suas letras são intelectualizadas, românticas e alguns
diriam até que é um pouco brega. A verdade é que com o tempo o Los Hermanos se
transformou numa banda de dois lados para o público: há os que amam, e há os
que odeiam, e fazem questão de taxar a banda como “músicas pra menininhas bobas
e apaixonadas”. É difícil você encontrar alguém que esteja em cima do muro.
O que podemos constatar mesmo é que depois
que os quatro cariocas apareceram com suas camisas listradas, guitarras acima
do quadril, músicos tocando metais, e barbas longas e mal cortadas, muita gente
aderiu ao look. É como se surgisse uma nova cultura na música brasileira: o losernamismo,
que inclui: jeito de se vestir, de tocar, de deixar a barba por fazer, de
conversar e de gostos parecidos (afinal fã de LH é também fã de Beatles e de
Radiohead, né mesmo?).
Da forma que for, depois que Los Hermanos fez
sucesso, abriu um grande espaço pra outras bandas criarem estilos diferentes na
música nacional, unindo ritmos culturais e regionais com o rock de sempre, o
que, acredito, engrandece e muito a música!
Mais sobre Los Hermanos:
- O DVD gravado na Fundição Progresso registrou
o que deveria ser o último show da banda em atividade, apesar disso a banda se
reuniu pra fazer show várias outras vezes entre 2007 e 2011
- Nos extras do DVD “Cine íris”, os Hermanos aparecem
no porto do Recife, perto do Marco Zero, conhecendo a cidade. Esse vídeo foi
gravado quando a banda veio para seu primeiro show no Abril Pro Rock, em 1999.
- O APR completa esse ano 20 anos, enquanto o
Los Hermanos, 15 anos.
- Marcelo Camelo gravou dois álbuns solo
depois do “hiato” do Los Hermanos. Os discos se chamam ‘Sou’ e ‘Toque dela’.
- Marcelo Camelo namora há 4 anos a, também,
cantora e compositora Mallu Magalhães, 14 anos mais nova que ele.
- Bruno Medina é atualmente colunista do
portal jornalístico G1. O nome de sua coluna é ‘Instante Posterior’ (cult, né?)
- Depois da saída da banda, Rodrigo amarante
formou uma banda com o baterista da banda The Strokes, Fabrizio Moretti (que
também é brasileiro), a banda se chama Little Joy lançou um único disco.
- Rodrigo Amarante também participou da “Orquestra
Contemporânea”, e agora prepara um disco solo que deve ser lançado ainda esse
ano.
- A música que tem versos em francês “Cher
Antoine” de composição de Rodrigo Amarante, contém frases tiradas de um livro
didático da língua francesa (um pouco de dadaísmo?)
- Marcelo Camelo já sofreu uma agressão
física do vocalista do Charlie Brown Júnior, Chorão, na sala de embarque do
aeroporto de Fortaleza.
- O bordão “Não, porque nem sempre” foi
tirado de uma entrevista que Rodrigo Amarante deu a um jornalista que insistia
em perguntar se os Hermanos se incomodavam em serem sempre ligados a música Ana
Júlia.
- A nome da música "O último romance" foi uma ideia de um dos músicos que tocam metal com a banda. Ele deu a sugestão do nome ao compositor Rodrigo Amarante em uma conversa informal, que foi registrada e está no extra do DVD "Cine íris".
Vídeos
da banda e afins:
O último romance - Cine íris
Clipe da música 'Primavera'
"Não porque nem sempre"
Último show de LH no Recife - Outubro/ 2010
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