24 de abr. de 2012

Dia do Basta: Marcha Anticorrupção em SP

Por: Raíza Hanna
Fotografias: Raíza Hanna




Fui a São Paulo para assistir o show de Bob Dylan, o qual renderá um outro post com um tom apaixonado, mas aproveitei pra conhecer alguns pontos interessantes na cidade.

No sábado, depois de ter ido ao Museu do Futebol no Pacaembu, e ter dado umas voltas pela Vila Madalena e tirado umas fotos com os grafitis urbanos que colorem as paredes do beco do  Batman, peguei um metrô com destino a Avenida Paulista para tomar uma cerveja na Augusta (famosa rua boêmia de São Paulo). Assim que chego na Paulista dou de cara com um protesto, quando procuro saber de que se tratava, descubro que estava acontecendo ali a Marcha contra a Corrupção. Fiquei empolgadíssima e não pude deixar de participar.

Já era perto de seis horas da noite, e a Marcha reunia cerca de 1.500 pessoas, a maioria jovens e estudantes, que já estavam acompanhando o movimento há algumas horas, e marchando sentido MASP. Muitos usavam a máscara do V de Vingança (que virou tradição nas atuais manifestações pelo Brasil, depois que o grupo Anonymous a usou como forma de se identificar como um grupo de reformas, e poderia dizer até de revoluções, que não possui um rosto e sim apenas uma idéia comum a todos), pareciam uniformizados com a máscara eternizada no filme “V”, que trouxe as telas a história de um famoso HQ. Alguns pintaram os rostos de verde e amarelo, usaram nariz de palhaço e pregaram notas falsas de reais nas cuecas.



Os jovens incansáveis gritavam e cantavam reivindicando um basta pra corrupção que envergonha o Brasil, tido atualmente como um dos paises mais corruptos do Mundo. Cantos como “O que mais irrita, é pau-no-cú votar no Tiririca!”, “Não, não, não a corrupção, eu quero o meu dinheiro na saúde e educação” e “O povo acordou, o povo decidiu, ou pára a corrupção ou paramos o Brasil” mostraram as exigências dos estudantes, e a indignação que todos os presentes, e com certeza até os não-presentes, sentem vendo um escândalo atrás do outro na política nacional pelos meios de comunicação todos os dias.

Outros cantos eram direcionados a manipulação da mídia, em especial a Rede Globo e até fazendo alusão ao uso da maconha como forma de abrir a mente. Os versos diziam: “A TV tá uma vergonha, vamo fumar maconha” e “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Além de cartazes que diziam ‘Fora Sarney’, e alguns mais ideológicos:"Desculpem o transtorno, mas estamos mudando o Mundo”.

Os jovens paulistanos foram pra rua com a cabeça feita de mudar o Brasil, e sabiam que o que estavam fazendo seria de uma abrangência significativa, afinal mesmo não parecendo ser de grande valia e não aparecendo nos principais jornais, temos que lembrar que manifestações como essa devem existir sempre, e cada vez mais tentar trazer o povo a rua, pois como gritávamos na Av. Paulista (a maioria com o sotaque de r puxado de paulistas e eu com meu sotaque nordestino): “Vem, vem, vem pra Rua, Vem! Que a rua é nossa!”, e que nós que elegemos quem está no poder, e que eles devem respostas ao povo brasileiro.

Cartazes pediam pelo fim do voto secreto nas votações do Congresso, e maior rapidez no julgamento do escândalo do mensalão pelo STF. Um abaixo-assinado rodou entre os que estavam nas ruas, colhendo assinaturas para uma petição que será entregue aos ministros do STF. Não haviam bandeiras de partidos, e nenhum político estava presente querendo se auto-promover. Foi uma manifestação do povo, independente de partido

Em frente a um prédio comercial uma bandeira do Brasil hasteada fez com que todos os manifestantes se virassem para a bandeira e com respeito cantassem o Hino Nacional inteiro, mostrando o amor ao país e o desejo de mudança, de melhorias na política do país. Seguindo, logo após, com mais cantorias. Perto do Masp, houve um confronto entre manifestantes e a Polícia Militar, pois um grupo bloqueou totalmente a Av. Paulista, e a Tropa de Choque da Polícia jogou bombas de gás para dispersar o grupo.

.O protesto foi nomeado “Dia do Basta” e a divulgação e organização foi quase toda feita pelas redes sociais, ganhando inclusive página oficial no Facebook. A manifestação não aconteceu só em São Paulo, mas também em outras 40 cidades espalhadas pelo Brasil, todas acontecendo simultaneamente. Em Brasília, coincidiu com as comemorações dos 52 anos da capital brasileira e reuniu cerca de 3.000 pessoas, todas vestidas de preto. No Recife, o ato protestou principalmente contra o auxílio paletó, a privatização da Compesa e o voto secreto no Legislativo, e foi promovido pelo grupo Organização Pernambucana contra Corrupção.

Vídeo que gravei dos manifestantes cantando o Hino Nacional





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