Fotografias: Raíza Hanna
Fui a São Paulo para assistir o
show de Bob Dylan, o qual renderá um outro post com um tom apaixonado, mas
aproveitei pra conhecer alguns pontos interessantes na cidade.
No sábado, depois de ter ido ao
Museu do Futebol no Pacaembu, e ter dado umas voltas pela Vila Madalena e
tirado umas fotos com os grafitis urbanos que colorem as paredes do beco
do Batman, peguei um metrô com destino
a Avenida Paulista para tomar uma cerveja na Augusta (famosa rua boêmia de São
Paulo). Assim que chego na Paulista dou de cara com um protesto, quando procuro
saber de que se tratava, descubro que estava acontecendo ali a Marcha contra a
Corrupção. Fiquei empolgadíssima e não pude deixar de participar.
Já era perto de seis horas da
noite, e a Marcha reunia cerca de 1.500 pessoas, a maioria jovens e estudantes,
que já estavam acompanhando o movimento há algumas horas, e marchando sentido
MASP. Muitos usavam a máscara do V de Vingança (que virou tradição nas atuais
manifestações pelo Brasil, depois que o grupo Anonymous a usou como forma de se
identificar como um grupo de reformas, e poderia dizer até de revoluções, que
não possui um rosto e sim apenas uma idéia comum a todos), pareciam
uniformizados com a máscara eternizada no filme “V”, que trouxe as telas a
história de um famoso HQ. Alguns pintaram os rostos de verde e amarelo, usaram
nariz de palhaço e pregaram notas falsas de reais nas cuecas.
Os jovens incansáveis gritavam e
cantavam reivindicando um basta pra corrupção que envergonha o Brasil, tido
atualmente como um dos paises mais corruptos do Mundo. Cantos como “O que mais
irrita, é pau-no-cú votar no Tiririca!”, “Não, não, não a corrupção, eu quero o
meu dinheiro na saúde e educação” e “O povo acordou, o povo decidiu, ou pára a
corrupção ou paramos o Brasil” mostraram as exigências dos estudantes, e a
indignação que todos os presentes, e com certeza até os não-presentes, sentem
vendo um escândalo atrás do outro na política nacional pelos meios de
comunicação todos os dias.
Outros cantos eram direcionados a
manipulação da mídia, em especial a Rede Globo e até fazendo alusão ao uso da
maconha como forma de abrir a mente. Os versos diziam: “A TV tá uma vergonha,
vamo fumar maconha” e “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Além de
cartazes que diziam ‘Fora Sarney’, e alguns mais ideológicos:"Desculpem o
transtorno, mas estamos mudando o Mundo”.
Os jovens paulistanos foram pra
rua com a cabeça feita de mudar o Brasil, e sabiam que o que estavam fazendo
seria de uma abrangência significativa, afinal mesmo não parecendo ser de
grande valia e não aparecendo nos principais jornais, temos que lembrar que
manifestações como essa devem existir sempre, e cada vez mais tentar trazer o
povo a rua, pois como gritávamos na Av. Paulista (a maioria com o sotaque de r
puxado de paulistas e eu com meu sotaque nordestino): “Vem, vem, vem pra Rua,
Vem! Que a rua é nossa!”, e que nós que elegemos quem está no poder, e que eles
devem respostas ao povo brasileiro.
Cartazes pediam pelo fim do voto
secreto nas votações do Congresso, e maior rapidez no julgamento do escândalo
do mensalão pelo STF. Um abaixo-assinado rodou entre os que estavam nas ruas,
colhendo assinaturas para uma petição que será entregue aos ministros do STF.
Não haviam bandeiras de partidos, e nenhum político estava presente querendo se
auto-promover. Foi uma manifestação do povo, independente de partido
Em frente a um prédio comercial uma bandeira do Brasil
hasteada fez com que todos os manifestantes se virassem para a bandeira e com
respeito cantassem o Hino Nacional inteiro, mostrando o amor ao país e o desejo
de mudança, de melhorias na política do país. Seguindo, logo após, com mais
cantorias. Perto do Masp, houve um confronto entre manifestantes e a Polícia
Militar, pois um grupo bloqueou totalmente a Av. Paulista, e a Tropa de Choque
da Polícia jogou bombas de gás para dispersar o grupo.
.O protesto foi nomeado “Dia do Basta” e a
divulgação e organização foi quase toda feita pelas redes sociais, ganhando
inclusive página oficial no Facebook. A manifestação não aconteceu só em São
Paulo, mas também em outras 40 cidades espalhadas pelo Brasil, todas
acontecendo simultaneamente. Em Brasília, coincidiu com as comemorações dos 52
anos da capital brasileira e reuniu cerca de 3.000 pessoas, todas vestidas de
preto. No Recife, o ato protestou principalmente contra o auxílio paletó, a
privatização da Compesa e o voto secreto no Legislativo, e foi promovido pelo
grupo Organização Pernambucana contra Corrupção.
Vídeo que gravei dos manifestantes cantando o Hino Nacional
MAIS FOTOS - Divulgação
Vídeo que gravei dos manifestantes cantando o Hino Nacional
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