17 de abr. de 2012

O retorno dos barbudos ao Recife - Abril Pro Rock


Imagens: Divulgação




             Tem muito neguinho daqui de Recife e região metropolitana roendo as unhas de ansiedade pelo retorno “provisório” de Medina, Barba, Amarante e Camelo, os barbudos que formam o grupo, acabado, Los Hermanos.


         Toda essa ansiedade é para o show que acontecerá no Chevrolet Hall, em única apresentação, na sexta agora, 20, no reconhecido festival pernambucano Abril Pro Rock.

Os Hermanos anunciaram no final do ano de 2011 que entrariam em turnê entre os meses de Abril a Junho de 2012, fazendo 24 shows pelo Brasil, e passando por 12 cidades diferentes, entre elas Recife, Salvador, Manaus, Belém, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, São Paulo (que terá 4 shows dos caras) e Rio de Janeiro ( com 6 shows marcados). Para saber datas e locais, visitam o site da banda.

No Recife, os caras fazem o primeiro show de abertura dessa turnê, que não indica uma volta do grupo, e sim, apenas uma forma de comemorar os 15 anos da banda, completados nesse ano de 2012.

Os Hermanos contam que a escolha do Festival Abril pro Rock pra iniciar a turnê não foi mera coincidência, foi no APR que os caras estouraram de vez pelo Brasil, quando em 1999, fizeram uma apresentação ainda como banda underground e tiveram uma ótima recepção pelo público do APR, que é o tido como o principal festival de bandas undergrounds do Brasil. Por isso, escolheram começar pelo Recife, que além de ter sido um marco na carreira dos barbudos, ainda tem um dos públicos mais fiéis da banda.


História da banda

O Los Hermanos começou quando, em 1997, os então estudantes, Marcelo Camelo e Rodrigo Barba da PUC-RJ se juntaram pra formar uma banda que tinha a proposta de falar de amor dentro de um som mais pesado, o hardcore. Com o tempo, e algumas saídas e trocas de integrantes, à banda se juntaram Rodrigo Amarante e Bruno Medina, fixando a formação atual da banda: Camelo como vocalista e guitarrista; Amarante como guitarrista, às vezes baixista e também vocalista; Medina como tecladista e Barba como baterista.

Ao longo de sua trajetória a banda gravou quatro discos e uma, primeira, demo e 2 DVD’S com registros de shows.

 O primeiro disco se chamou Los Hermanos de 1999, e teve como hit a música Ana Júlia, que explodiu no Brasil inteiro, fazendo grande sucesso inclusive fora do país, sendo regravada em várias línguas, inclusive pelo ex-beatle George Harrison (essa versão é incrivelmente bonita!)

O segundo álbum, intitulado Bloco do Eu Sozinho de 2001, trouxe um som mais misturando, agregando ritmos como Bossa Nova e Samba às músicas, deixando-o mais brasileiro, músicas como ‘Todo carnaval tem seu fim’ e ‘A flor’ viraram hits na boca dos seu fãs.

No terceiro álbum, os Hermanos fizeram um disco multi-facetado, com músicas de puro samba a música de pop rock. O disco chamou-se Ventura, e foi lançado em 2003. Nesse álbum, Rodrigo Amarante conquistou ainda mais espaço na banda, sendo o compositor de 5 músicas do disco.

O quarto e último álbum da banda foi lançado em 2005, se chamou 4, e veio com uma pegada muito mais leve, e sentimental. As músicas de Marcelo Camelo já se mostravam mais intensas, complexas e com uma pegada mais MPB.

Depois do quarto álbum, em Abril de 2007, os integrantes do Los Hermanos anunciaram que estariam dando um tempo em suas atividades, com a frase inesquecível “estamos em recesso por tempo indeterminado”.

Apesar do recesso, os Hermanos voltaram a fazer show em 2009, abrindo o show internacional do Radiohead em São Paulo e no Rio. E em 2010 fizeram shows em Recife, , Salvador e Fortaleza, e ainda no Festival que aconteceu em Itú em Outubro de 2010, o SWU.


Relação dos fãs recifenses com o LH


Em Recife, o Los Hermanos é muito querido. Eu, pessoalmente, acredito que a boa recepção desde o começo da banda, e no festival Abril Pro Rock, deu-se por conta de nossa veia carregada de cultura popular, que formou uma empatia logo de cara com o conceito da banda: o de mostrar a cara do Brasil, usando elementos de Samba, Bossa Nova, MPB, e até marchinhas carnavalescas com estilos mais jovens e roqueiros.

Quer maior exemplo do que a música Pierrot, que tem aquela cara de carnaval, que remonta um conto antigo e ainda tem uma pisada acelerada na música? Parece ser uma mistura perfeita e uma ótima adequação para os jovens recifenses ligados em intelectualismo e cultura popular.

Chega até a combinar com o estilo manguebeat, iniciado pelo Chico Science e Nação Zumbi: “pé no mangue, cabeça antenada”, o caranguejo com cérebro.  Acho que por isso, entendemos o LH e nos sentimos nos singles da banda, num tom mais romântico claro.


Música intelectual?


O LH é muitas vezes referenciado como banda cult, muitos afirmam que suas letras são intelectualizadas, românticas e alguns diriam até que é um pouco brega. A verdade é que com o tempo o Los Hermanos se transformou numa banda de dois lados para o público: há os que amam, e há os que odeiam, e fazem questão de taxar a banda como “músicas pra menininhas bobas e apaixonadas”. É difícil você encontrar alguém que esteja em cima do muro.

O que podemos constatar mesmo é que depois que os quatro cariocas apareceram com suas camisas listradas, guitarras acima do quadril, músicos tocando metais, e barbas longas e mal cortadas, muita gente aderiu ao look. É como se surgisse uma nova cultura na música brasileira: o losernamismo, que inclui: jeito de se vestir, de tocar, de deixar a barba por fazer, de conversar e de gostos parecidos (afinal fã de LH é também fã de Beatles e de Radiohead, né mesmo?).

Da forma que for, depois que Los Hermanos fez sucesso, abriu um grande espaço pra outras bandas criarem estilos diferentes na música nacional, unindo ritmos culturais e regionais com o rock de sempre, o que, acredito, engrandece e muito a música!


Mais sobre Los Hermanos:

- O DVD gravado na Fundição Progresso registrou o que deveria ser o último show da banda em atividade, apesar disso a banda se reuniu pra fazer show várias outras vezes entre 2007 e 2011
- Nos extras do DVD “Cine íris”, os Hermanos aparecem no porto do Recife, perto do Marco Zero, conhecendo a cidade. Esse vídeo foi gravado quando a banda veio para seu primeiro show no Abril Pro Rock, em 1999.
- O APR completa esse ano 20 anos, enquanto o Los Hermanos, 15 anos.
- Marcelo Camelo gravou dois álbuns solo depois do “hiato” do Los Hermanos. Os discos se chamam ‘Sou’ e ‘Toque dela’.
- Marcelo Camelo namora há 4 anos a, também, cantora e compositora Mallu Magalhães, 14 anos mais nova que ele.
- Bruno Medina é atualmente colunista do portal jornalístico G1. O nome de sua coluna é ‘Instante Posterior’ (cult, né?)
- Depois da saída da banda, Rodrigo amarante formou uma banda com o baterista da banda The Strokes, Fabrizio Moretti (que também é brasileiro), a banda se chama Little Joy lançou um único disco.
- Rodrigo Amarante também participou da “Orquestra Contemporânea”, e agora prepara um disco solo que deve ser lançado ainda esse ano.
- A música que tem versos em francês “Cher Antoine” de composição de Rodrigo Amarante, contém frases tiradas de um livro didático da língua francesa (um pouco de dadaísmo?)
- Marcelo Camelo já sofreu uma agressão física do vocalista do Charlie Brown Júnior, Chorão, na sala de embarque do aeroporto de Fortaleza.
- O bordão “Não, porque nem sempre” foi tirado de uma entrevista que Rodrigo Amarante deu a um jornalista que insistia em perguntar se os Hermanos se incomodavam em serem sempre ligados a música Ana Júlia.
 - A nome da música "O último romance" foi uma ideia de um dos músicos que tocam metal com a banda. Ele deu a sugestão do nome ao compositor Rodrigo Amarante em uma conversa informal, que foi registrada e está no extra do DVD "Cine íris".


Vídeos da banda e afins:

O último romance -  Cine íris


Clipe da música 'Primavera'


"Não porque nem sempre"


Último show de LH no Recife - Outubro/ 2010





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